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Os 'Peter Pans' do esporte


Acho que ninguém em sã consciência nega que Neymar e Lewis Hamilton são acima da média em seus esportes. Pela diferença de idade e pelas circunstâncias, Hamilton já é mais consolidado, mas Neymar fatalmente irá pelo mesmo caminho e quando tiver a idade atual de Lewis -33 anos- terá alcançado a glória esportiva. Ambos são talentosos- ou até geniais em alguns momentos - movem uma grande legião de fãs, mas também tem um grande número de desafetos e o motivo é claro: a superproteção que eles tem, os ataques de 'birra' e o vitimismo consequente, totalmente desnecessários para ambos.

Vamos por partes e vamos começar por Neymar. O brasileiro virou piada mundial por conta de suas quedas performáticas após as faltas recebidas. Ele exagera em toda falta que sofre? Sim. Merece sofrer essa zombaria mundial? não, ninguém merece. Mas sabemos que, infelizmente, ele plantou o que colheu. 

Na copa de 2018, Neymar viu a dificuldade em criar espaços, mais do que em 2014, quando ainda era promessa de craque a nível mundial. Em 2018, todos os seus movimentos foram estudados pelos adversários, e voltando de contusão, não conseguiu se desvencilhar da forte marcação e brilhar como gostaria. Acabou sofrendo muitas faltas, rolando absurdamente em várias delas e virando meme mundial com o #NeymarChallenge

Mas sair em baixa de uma copa do mundo pode ser o 'turning point' da sua carreira, já que ele não atuou no 7 a 1 em 2014, não sentiu na pele verdadeiramente aquele vexame. Como atual chacota mundial, cabe a ele repensar suas atitudes em campo, como seus rolamentos exagerados e se recusar a dar entrevistas nas derrotas, e criar uma aura competitiva sem perder sua essência, sua habilidade e seu bom humor, o que é perfeitamente possível. Deixar de lado essa superproteção de seus familiares e 'parças' , assumir sua culpa pelo o que é de direito e ignorar todas as implicâncias, às vezes exageradas, para mostrar que ele pode ser um craque maior do que já é - Bom jogador não decide partida de Libertadores e Champions como ele já decidiu. Aos 26 anos, passou da hora de deixar a síndrome de peter pan e encarar o mundo de frente, sem vitimismo, dele mesmo  ou de quem o cerca.


Já Lewis Hamilton, mais velho e mais vencedor, com quatro títulos mundiais de F1, em escala menor tem seus arroubos de vitimismo também. E na F1, todo piloto vencedor e extremamente competitivo é um mau perdedor. Fernando Alonso no seu auge era assim. Sebastian Vettel é assim, ainda que em proporções menores do que Hamilton. O fato de não dar entrevista após sair do carro no GP da Grã Bretanha deixou uma má impressão. por mais que estivesse de cabeça quente, o que é normal, pelo toque na largada que tirou sua chance de vitória, ele deveria ter tido um pouco de respeito e falado algumas palavras seu público, que veio para vê-lo. 

ele só falou e insinuou uma tática da Ferrari dizendo que o toque foi deliberado. E pior, teve sua teoria reverberada pelo seu chefe Toto Wolff, o que foi ainda mais patético e o que mostra o nível de proteção que sua equipe lhe dá. Um dia depois, nas redes sociais, resolveu pedir desculpas dizendo que 'às vezes falamos merda e aprendemos com isso'. Aos 33 anos e quatro títulos mundiais creio que ele deveria ter aprendido sobre isso há mais tempo.

Como disse acima, esses dois atletas são foras-de-série. em uma lista de 10 melhores da história da F1, Lewis Hamilton é um nome que não pode mais ficar de fora e Neymar já fez grande conquistas em clubes e pode em 2022 conseguir sua consagração na seleção brasileira, o que todo mundo espera. Perder é chato e competitivos como são, eles odeiam perder. Só precisam crescer, aceitar a derrota, digeri-la, e tirar as lições dele para ficarem mais fortes mentalmente, sem ficarem presos em amarras coitadistas, para serem indiscutivelmente os melhores dos seus esportes.


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