A imensa fan base do Cavaleiros do Zodíaco no Brasil viu com muitas ressalvas o trailer do remake da franquia que será lançado pela Netflix em 2019. Tudo pela a nada sutil mudança de gênero de um dos personagens principais do anime: Shun, o cavaleiro de bronze de Andrômeda, agora é uma mulher. O xingamento no twitter atingiu o sétimo sentido e dessa vez, com razão.
Não vou bancar o politizado e negar que na primeira exibição, eu (assim como todo mundo que viu, afinal eram outros tempos) achava o Shun um saco e um tremendo de - perdoem o termo chulo e politicamente incorreto - uma 'bichinha' que usa uma armadura com seios sem poderes que quando a situação apertava tinha que chamar o irmão bad ass para estraçalhar tudo- impossível esquecer o famoso 'IKKIIIIII'. Mas eu era uma criança nos anos 90 e não conseguia entender toda a profundidade que o Shun tinha, o que só vi quando revi o anime e depois acompanhei a saga de Hades anos depois.
Shun é um dos melhores personagens do anime. Ele é um ser extrema sensibilidade, sem medo de demonstrar seus sentimentos e um pacifista no meio de um monte de cavaleiros que só sabem descer o cacete, o que é um personagem bem diferente para um Shonen. No anime, vemos que ele muitas acha lutar algo sem sentido e também muitas vezes acaba apanhando e não desperta o seu verdadeiro poder o que vimos poucas vezes na série - Na batalha contra Afrodite, Shun deu um pau épico no cavaleiro de peixes sem armadura! - e acaba chamando o seu irmão para resolver a bagaça com um ave fênix ou o golpe fantasma - meu golpe preferido - no adversário. Para shun, a violência não é a solução e só usa seus poderes como é estritamente necessário MESMO.
Shun não assumidamente é gay, ele nunca demonstrou isso no anime - não, a cena tão mal-falada da casa de libra foi um belo sacrifício para salvar a vida do Hyoga, apesar de toda a zoação (muitas feitas por mim ao longo dos anos) incluída na cena. Todo o mistério sobre sua sexualidade sempre foi irrelevante no anime e ao mudar o gênero dele os roteiristas do remake deram um bola fora tremenda.
Imagino que pelo o fato de um homem usar uma armadura de Andrômeda com seios tenha sido o principal motivo para mudar o sexo do Shun. Eu admito que isso tem lógica, mas mostra a pouca sensibilidade do pessoal que fez a mudança, só pra soar politicamente correto tendo 'homens e mulheres combatendo o mal para salvar o mundo'.Isso já tem no Cavaleiros do Zodíaco ômega - O que eu acho uma droga, mas tem gente que curte. Porque não dar mais destaque a Marin e a Shyna, amazonas da série e ou criar mais amazonas para isso? Subverter toda a personalidade de um personagem tão complexo e trabalho na série para dar mais representatividade não é legal.
E essa representatividade pode cair mal, principalmente se 'a' shun manter o seu espírito sensível e pacifista, em uma mulher isso vai soar mais como fraqueza e defeitos do que uma qualidade, principalmente na parte que ela tiver que gritar 'Ikkiiii' e o irmão mais velho (e homem) vai vir salvar a irmãzinha indefesa. Sem contar que a mudança de gênero reforça muito mais a ideia de que tudo isso que o Shun sempre pregou no anime clássico não é coisa de homem, mas sim de mulher.
E ainda temo s o risco de se tivermos uma shun badass, vai tirar 80% da essência do Ikki de proteção e aprendizado que ele sempre dá ao seu irmão que todo o fã de CDZ ama - Ikki não é só um cara que chega na voadora, vejam nas entrelinhas o quanto ele ensina coisas ao shun e respeita como ele é, apesar de toda dureza ao falar. Isso sem falar da June de Camaleão, que de um crush ganhou uma BFF! =P
E ainda temo s o risco de se tivermos uma shun badass, vai tirar 80% da essência do Ikki de proteção e aprendizado que ele sempre dá ao seu irmão que todo o fã de CDZ ama - Ikki não é só um cara que chega na voadora, vejam nas entrelinhas o quanto ele ensina coisas ao shun e respeita como ele é, apesar de toda dureza ao falar. Isso sem falar da June de Camaleão, que de um crush ganhou uma BFF! =P
Ao contrário de muitos, não pretendo boicotar a série. Apesar de toda a polêmica, quero dar uma chance aos roteiristas e ver o que eles vão tramar para poder encaixar a versão feminina do Shun no anime, sem perder a sua essência e manter um empoderamento necessário para os dias atuais. E torço que para o Kurumada (autor da série) consiga realizar seu desejo de CDZ fazer sucesso ao redor do mundo como Naruto e Dragon Ball fizeram/fazem - Sim, só na América latina, França um pouquinho e no Japão que a série fez sucesso - apesar dessa singela cagada com um dos melhores personagens do anime.
E que um dia, a última temporada de Lost Canvas seja feita. (pedi demais agora)
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