Há exatos 30 anos, a MTV aportava no Brasil. Quem tem 25 anos ou mais com certeza foi impactado de alguma maneira pelo canal. Ora pelos clipes, pelos programas, ou por alguma paixonite por um(a) VJ. Para mim, a MTV foi a dubiedade de ser o último momento romântico onde a música não era só música, era uma experiência sensorial, onde você aquele seu artista cantando aquela música que você só via pelo encarte do cd e o primeiro momento em que a música se tornava um pastiche, um produto descartável que você ouvia por 3 meses (ou menos) e já não valia mais nada.
Não sei dizer o ano exatamente de quando comecei a assistir Eu lembro da Sabrina Parlatore apresentando o Disk MTV. Em uma época em que eu, com 12,13 anos, não tinha muito aquele gosto musical apurado, tinha ouvido de tudo um pouco no cenário popular mas nada tinha me identificado como o MEU gosto musical. Apesar de assistir sem muito afinco, digamos assim, a virada do meu caso de amor com a MTV, foi quando meu grande amigo Daniel pegou o cd do MTV acústico do Titãs. Até hoje é um dos meus álbuns preferidos acústicos de uma das bandas brasileiras que mais gosto.
Minha adolescência se baseou em ouvir a rádio cidade/e ou assistir a MTV, não necessariamente nessa ordem. Ver bandas que eu ouvia , conhecer novas, foi um universo expandindo n aminha cabeça. E não era só os clipes, como não amar o Piores clipes do mundo (com o Mion)?Os programas com o João Gordo? O crush pela Sarah Oliveira? Adorava (ainda adoro) o Thunderbird,(infelizmente peguei o Gastão no final da passagem dele por lá, mas é outro cara sensacional) Edgard Piccoli, Fábio Massari, Marina Person, Penélope Nova, Didi...sem contar a expectativa que era para os WMBs, ou morrer de rir com o Hermes e Renato, South Park (E Fudêncio e seus amigos, adorava saporra), com o RockGol (em uma época menos voltada para a música, mas ainda sim relevante...) e inacreditável e incrível 'desligue a TV e vá ler um livro?'
Vi a MTV até o seu final, ainda tivemos um bom período com a galera do comédia MTV (que revelou o Marcelo Adnet, Dani Calabresa e a Tatá Werneck) e a volta da música (Titi Muller, Gaia Passarelli e o China eram meus VJs preferidos na nova fase), mas não deu. O público já tinha se acostumado com a internet ver os seus clipes preferidos, ouvir suas músicas em MP3 (que vinham com trocentos vírus no Kazaa e Emules da vida) e ela não impactava a geração atual, que queria velocidade, novas músicas, novos hits a ritmo industrial, sem vida, sem emoção, e com um refrão bem grudento. uma fórmula de sucesso que até hoje não parece se esgotar (infelizmente). Uma fórmula, que como disse, acima, a própria MTV ajudou a perpetuar - por ser muito dependente das gravadoras, caiu nessa arapuca...
Agora a MTV com esses novos donos - a Editora Abril era a dona dos canal entre 90 e 2013 - é só um catadão de really shows soft porns e musicalmente não tem uma relevância mínima. O multishow que nem é mais canal de música ainda consegue ser mais relevante para a musica pop com aquele TVZ do que lá. Fica a saudade dos bons tempos de clipes, VJS, vinhetas non sense, boas risadas... como Thunder disse em seu canal no youtube, uma emissora que deu liberdade criativa para muita gente fazer tv do jeito que queria.
E Se a internet e seu imediatismo ajudou a acabar com a MTV que conhecemos, a internet - o youtube principalmente - soube absorver esse lado descontraído e 'do yourself' que a emissora tinha. A linguagem e emissora permanece viva, mas em outro lugar. Não é à toa, que o Thunderbird - que já citei - e o Gastão tem ótimos canais por lá ( se vocês não conhecem PELAMOR vão lá conhecer agora).
Fica de consolo essa lembrança de um tempo bom que não voltará (odeio ser nostálgico às vezes, mas tô ficando velho, não tem jeito)
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